1 de jan. de 2013

PECUÁRIA, UMA REVOLUÇÃO EM CAMPO!


A atividade é relacionada ao desmatamento
Notadamente a atividade pecuária é a mais alvejada pelos ambientalistas, que associam todo o desmatamento feito no Brasil com o consumo de carne bovina.
Leigos na área discorrem sobre a pecuária, e suas tendências, desconsiderando o fato de que houve ganhos em produtividade nos últimos anos. Para eles, a bovinocultura é, e sempre será, uma atividade de baixa produtividade, pouca tecnologia e de comportamento extensivo, o que impediria o aproveitamento mais eficiente do território disponível à produção.
Seguindo este raciocínio, a pecuária ficaria sempre confinada à coluna de passivos ambientais dentro do agro brasileiro.
No entanto, tal posicionamento deriva do desconhecimento da pecuária e do preconceito com relação à atividade, cuja história é bem interessante.
Até a década de 1990, a expansão da atividade visava não apenas a produção de carne bovina, mas também atendia a exigência de ocupar áreas em regiões distantes. É por esta razão que a atividade é relacionada ao desmatamento. 
A reflexão a seguir nasceu de um questionamento motivado pelas semanas que antecederam a Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável: Como ficará a pecuária de corte sem o avanço da fronteira agrícola?
Interessante que muitas vezes nos inserimos na rotina de trabalho e nos esquecemos de avaliar conceitos simples, coisas que sabemos, que fazem parte do nosso dia a dia, mas que nunca paramos para analisar em perspectiva histórica. 
O ambiente tropical do interior do
Brasil era extremamente hostil
Diante deste questionamento, organizamos reuniões e debates pela internet com diversos especialistas na pecuária, o que nos possibilitou reunir um compilado que nos esclarece o passado e nos norteia com relação ao futuro da pecuária.
A história da expansão agrícola
Diante da cultura europeia, responsável pela colonização de nosso país, o ambiente tropical do interior do Brasil era extremamente hostil. Embora flora e fauna sejam suficientemente ricas, expandir a atividade econômica para o interior não era coisa simples, apesar de necessário.
Poucas eram as alternativas disponíveis para avançar em áreas de abertura, com ausência total ou quase total de infraestrutura, estradas e recursos humanos capacitados. Dentre as poucas alternativas, a pecuária de corte era uma das mais atraentes, principalmente a atividade de cria.
Além da viabilidade técnica de implantar projetos extensivos com pouco aporte de capital no início, a liquidez do investimento (o próprio rebanho) tornava o projeto muito seguro do ponto de vista econômico. Lembre-se que a atividade estava migrando para áreas novas, com terras de baixíssimo valor e possibilidade de explorar a madeira do processo de abertura.
A produção “caminhava” pelas estradas
Outra vantagem da pecuária, que é importante frisar, é que a produção “caminhava” pelas estradas precárias em comitivas que dominavam o cenário destas regiões de abertura. O processo histórico de mudança com a chegada da infraestrutura, inclusive, faz parte do acervo cultural do interior brasileiro. Quantas músicas sertanejas, por exemplo, exploram o tempo das comitivas e a inevitável chegada do transporte rodoviário?
Lembrando ainda da expansão da agricultura brasileira, até os anos 1950 praticamente toda a atividade agrícola se concentrava numa faixa de 500 a 1.000 quilômetros de distância das regiões litorâneas.
Nas décadas de 1960 e 1970, os agricultores migraram para o oeste paulista e paranaense, num primeiro momento, e depois ocuparam parte de Goiás, Mato Grosso do Sul e oeste de Minas Gerais.
Na década de 1980, houve a grande expansão da agricultura rumo ao restante dos estados já em consolidação e em direção ao Mato Grosso, restante de Goiás e sul do Tocantins, Rondônia, oeste baiano, norte de Minas Gerais e pequenas áreas dos outros estados. Até mesmo Roraima, foi ocupada ainda nesse período. Na década de 1990, começou a consolidação do Maranhão, Piauí, Tocantins e algumas regiões do Amazonas e Pará.
Em todas as regiões a pecuária chegou primeiro, carregando o ônus de atividade desflorestadora. Esse é um passivo da história do avanço do povo brasileiro para o interior. Um passivo quase que exclusivo da produção de carne bovina. 
É por isso que normalmente os profissionais da pecuária se defendem dizendo que “se a pecuária foi o machado, quem segurou o cabo foi a sociedade”. O que faz sentido, pois o avanço da produção pecuária e agrícola visa justamente a produção de alimentos e a geração de divisas para a sociedade brasileira.
Continuando no raciocínio, e na busca pela resposta ao questionamento, é importante analisar os efeitos de todo este processo ao expansionismo da produção pecuária. É fácil comprovar o histórico da pecuária precedendo a ocupação da agricultura. Um pouco mais complicado seria responder se o crescimento da produção de carne para os próximos anos depende da expansão em área.
O custo histórico do processo de ocupação
Pois bem, um dos custos deste processo é justamente a falsa sensação de que a produção depende do desmatamento para se manter.
Essa particularidade é mais evidente na atividade da cria, onde o produto final é o bezerro, macho ou fêmea, desmamado. Mesmo entre os especialistas em produção, há quem julgue difícil a manutenção da atividade de cria sem o avanço em áreas de fronteira.
No entanto, essa constatação é baseada numa realidade do passado, período que marcou todo aquele processo de avanço discutido anteriormente.
Havia mais bezerros ofertados do que a
necessidade de compra para engorda.
Nos anos de forte expansão agrícola, a demanda por rebanho para ocupar áreas recém abertas superava a demanda da pecuária. Como a maior parte das fazendas de abertura se destinava à atividade de cria, este desequilíbrio entre oferta e demanda foi mais acentuado no mercado dos bezerros ou animais jovens. Havia mais bezerros ofertados do que a necessidade de compra para engorda.
É fato que não foi apenas

PENSAMENTO DO MÊS

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