5 de nov. de 2012

E AGORA JOSÉ?

As chuvas estão acontecendo em Ipirá.
As chuvas estão acontecendo em Ipirá. Recebemos esta verdadeira bênção divina com alegria e gratidão. Vamos torcer para que alcancem todo o semiárido. Entretanto é preciso reconhecer a realidade dura e crua: os prejuízos são irremediáveis.

A realidade dura e crua: os prejuízos são irremediáveis.
Lutamos tenazmente durante três anos sucessivos, mas não conseguimos  evitar enormes perdas. Esta violenta seca aniquilou nossa agricultura de subsistência e pecuária. Nossas pastagens e reservas de palma foram consumidas até a exaustão assim como nossas reservas de capital na aquisição de medicamentos,  água e ração.  Neste último ano ultrapassamos o limite do suportável. Percebendo a  inconsistência das “medidas emergenciais contra a seca” e impotentes face às “forças econômicas”optamos por vender nosso rebanho a qualquer preço. Com este recurso compramos mais água e mais ração para as reses que sobraram. Não foi suficiente. Partimos então para o endividamento com amigos, parentes, bancos e mesmo agiotas. O crédito também acabou e sem mais nada poder fazer assistimos dezenas, quando não centenas, de animais morrerem de fome e sede.

Nossas pastagens e reservas de palma
 foram consumidas até a exaustão
“E agora José?”
Como reverter este quadro e buscar a reestruturação financeira se não temos condição nem mesmo de honrar nossas dividas? Como recomeçar do zero, recompor rebanhos e recuperar pastagens, evitando a degradação do solo, “primeiro passo para a desertificação no semiárido”? Como retomar o crescimento em bases sustentáveis e enfrentar a realidade ainda mais difícil das “projeções climáticas” para este século?
 Dezenas de municípios com todas as aguadas,
 mesmo as públicas, absolutamente secas.

Entendemos que as respostas para estas questões são:
a) crédito verdadeiramente emergencial, sem as formalidades intransponíveis do PROGRAMA EMERGENCIAL–FNE 2012; 
b) apoio na forma de prorrogação/renegociação das dívidas rurais e rebate significativo;
c) anistia para financiamentos contraídos no período da seca;
d) e concessão de crédito novo para investimentos de reestruturação.
Como reverter este quadro?
Não se trata, absolutamente, de pleitos assistencialistas como sugere o discurso das “leis de mercado”. Trata-se apenas de reconhecer o caráter excepcional desta seca, um evento climático extremo que pegou o próprio Estado de surpresa, deixando dezenas de municípios com todas as aguadas, mesmo as públicas, absolutamente secas. Trata-se de fazer valer o instituto da co-responsabilidade entre produtores e bancos oficiais de fomento, considerando que os prejuízos não decorrem de incompetência, imprevidência, negligência ou mal uso de financiamentos  contratados. Trata-se de reconhecer a completa desarticulação dos serviços de assistência técnica na Bahia. Trata-se de lembrar as históricas desigualdades regionais em desfavor do nordeste.

Sem apoio institucional não haverá saída para o produtor rural do semi-árido baiano.
José Caetano Ricci de Araujo
Presidente


7 comentários:

  1. Achei muito real e pertinente o artigo " E agora José". Parabéns pela redação clara e direta!!!! Esperança e Fé ajudas que não são institucionais, mas tão importantes quanto!!!!
    Viva a chuva!!!!!!!!

    Liege Bahia.

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  2. Concordo com relação a redação do texto. Mas, a minha pergunta é: Aonde estão os grãos subsidiados pelo governo? O que soube, foi que chegou. Porém, não vi nenhum pequeno e médio produtor (que são os que precisam) dizer que tivessem sido beneficiados. Se não fosse essa chuvinha, que já se foi e está começando a escassear, esses produtores continuariam na mesma. Espero que respondam o meu questionamento e se tiverem recebido, que seja divulgado a listagem das pessoas beneficiadas, com o intuito de esclarecer e demonstrar que estamos sendo bem representados.
    Obrigado!!!

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  3. Prezada Ana

    Com relação a seu questionamento gostaria que visse:
    http://www.noticiasagricolas.com.br/videos/entrevistas/110773-entrevista-confira-a-entrevista-com-jose-caetano-ricci-de-araujo---presidente-sindicato-dos-produtores-rurais-de-ipira.html
    Veja também:
    http://manchette.com.br/boletim-na-110912-entrevista-com-jose-caetano-ricci-de-araujo/
    E também:
    http://spripira.blogspot.com.br/p/programacao-e-eventos.html

    Do milho da Conab, até onde estou informado, chegaram à Ipirá apenas 96 ton, via COODAPI. Uma quantidade insignificante - representa aproximadamente 400 gramas para cada animal do município em apenas um dia. Esta informação passei aos dirigentes da FAEB através do Ofício n.° 26/2012 de 16 de outubro de 2012.Eles por sua vez tentaram fazer com que mais milho chegasse a Ipirá, obtivemos até uma sinalização de que viriam mais 50 ton, mas até agora nada. A dificuldade para se obter este milho é imensa.

    Estamos, dentro de nossas limitações, tentando fazer o melhor.

    Atenciosamente

    José Caetano

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    1. Comprendo José. Porém, estamos numa cidade pequena, e noticias correm. Não seria mais oportuno apresentar a listagem dos beneficiados? Tornaria o sindicato um órgão democrático e transparente. Demonstrando a tudo e a todos o seu efetivo trabalho e concretizando tudo aquilo o que o presidente fala e escreve. Entendo que a quantidade enviada foi pequena e não supre a demanda do município. E agradeço o seu esforço em tentar fazer com que este projeto do governo federal beneficie os produtores de Ipirá. Pense nisso!!!

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    2. Senhora Ana
      O Sindicato dos Produtores Rurais de Ipirá não tem nenhuma lista para apresentar porque não recebeu, não intermediou, não requisitou nem distribuiu nenhuma quantidade de milho da CONAB. Não temos estrutura física nem de pessoal para fazer este trabalho por esta razão não tomamos esta iniciativa. Nossa única participação foi divulgar a notícia desta e de outras “medidas emergenciais do governo” durante o Encontro de Produtores do Clube Caboronga em 6/6/12
      Ver: http://spripira.blogspot.com.br/2012/06/encontro-de-produtores-no-clube.html

      Gostaria de ter conhecimento das “notícias” à que a Senhora se refere. Mesmo que estas não envolvam diretamente nosso Sindicato sentimo-nos no dever de acompanhar tudo que diga respeito ao produtor do município.
      Atenciosamente
      José Caetano Ricci de Araujo
      75 9115 8011

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  4. No caso, peço desculpas pela agressividade no questionamento. O senhor a de convir, que ver alguns macinhos de feno em cima do caminhão de arara e nenhuma comida, num dia de quarta-feira, da para se questionar e ficar chateado. Bem, com relação ao disse e me disse, devemos dar um desconto, pois muito é aumento, porém se comentam é porque há um fundo de verdade. Como cheguei a cidade em pouco tempo (fevereiro deste ano) e vi os seus artigos no blog ( dos quais achei todos interessantes)achei que o sindicato dos produtores era agente direto. Inclusive eu e meu marido temos que efetuar a nossa inclusão na instituição, pois também somos proprietários rurais. Para ser mais direta, somos donos do local onde o sindicato estava desejoso de efetuar uma basrragem subterrânea.Mas, precisamos confirmar com a Embasa a feição da barragem elevatória, que ocorrerá hoje. Me desculpe. Obrigada pelo esclarecimento.

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    1. Senhora Ana
      Não há o que desculpar. A finalidade deste blog é exatamente abrir um canal de aproximação entre sindicato e produtores. Agradeço sua participação.
      Atenciosamente
      José Caetano Ricci de Araujo

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