Federação da Agricultura e
Pecuária da Bahia vai reunir produtores, autoridades e Sindicatos dos
Produtores Rurais para discutir a gravidade da situação.
O sentimento dos produtores da região do semiárido
da Bahia é de angústia, revolta e abandono. A sensação geral beira o desespero.
A realidade é cada vez mais grave e impiedosa. A seca que atinge a Bahia,
considerada a pior dos últimos 50 anos, chegou ao seu ponto mais devastador,
levando o produtor rural baiano ao fundo do poço. De acordo com últimas
informações divulgadas pela Defesa Civil, 226 municípios estão em situação de
emergência na Bahia, o que corresponde a mais da metade das cidades baianas.
As medidas dos Governos Estadual e Federal são
insuficientes, e longe da realidade. Os escassos recursos emergenciais
esgotaram-se rapidamente e os financiamentos foram marcados pelo excesso de
burocracia e lentidão, excluindo o pequeno e o médio produtor. Assistimos a um
imenso retrocesso. O médio produtor já virou pequeno e o pequeno produtor está
em vias de desaparecer.
Em 2012, quando a situação já era bastante grave,
foram anunciadas várias medidas emergenciais, com obras como Barragens
Subterrâneas, Poços e Implantação de Reservas Estratégicas de Alimentos. Em
nome dos produtores do semiárido baiano, questionamos: Onde estão esses poços?
Quantas barragens foram construídas? Quantas pessoas foram beneficiadas? Onde
estão essas obras emergenciais? O que está sendo feito de concreto?
O pequeno estoque de milho que deveria chegar aos
produtores desapareceu. Um produto essencial que poderia ser usado como uma das
poucas alternativas para salvar o que resta do rebanho. Lembramos que esse
milho não seria dado, seria comprado pelos produtores. Os produtores querem e
precisam comprar, com urgência, o milho. O programa Bolsa-Família, que tem
ajudado muitas pessoas a sobreviver, não é a solução para o semiárido, pois
isso não resolve o problema. O Bolsa-Família não alimenta e nem fornece água
para o rebanho, nem garante a sustentabilidade da propriedade. Com ele a
família consegue apenas, precariamente, sobreviver. E assim, acompanhar a perda
de todo o seu patrimônio, conquistado com muita luta. Os rebanhos estão sendo
dizimados, as propriedades arruinadas, o patrimônio dilacerado.
Os produtores estão, a cada dia, mais e mais
descrentes e desassistidos. Tendo em vista a calamidade que se alastra
impiedosamente em nosso Estado, e que está levando progressivamente o produtor
rural ao extremo desespero, a FAEB – Federação da Agricultura e Pecuária do
Estado da Bahia, atendendo à solicitação dos Presidentes de Sindicatos dos
produtores rurais da Bahia, vai reunir em sua sede, cooperativas, associações,
produtores e autoridades, para uma reunião, de forma a que cada um expresse o
seu sentimento e apresente em depoimento suas carências, dificuldades e os
efeitos dessas medidas emergenciais nos seus municípios. E, a partir daí,
apresentar aos órgãos de divulgação o verdadeiro quadro de desalento e o
sofrimento que o campo vem atravessando, revelando, assim, a extensão da
tragédia que estamos vivendo. O encontro será realizado na próxima terça-feira,
26, a partir das 9h, na Rua Pedro Rodrigues Bandeira, 143, Ed. das Seguradoras,
7o. andar, bairro do Comércio.
A situação esperada para 2013, caso não ocorra o
milagre das chuvas até início de abril, é que a estiagem vai ser muitas vezes
pior que a de 2012. Já não existem reservas estratégicas, nem qualquer poupança
que permita comprar volumoso, sementes, contratar carros-pipa, entre outros.
Durante o encontro, também será realizado um
movimento para solicitar aos Governos Estadual e Federal ações enérgicas,
impactantes e imediatas, e protestar contra o descaso e a falta de apoio aos
pequenos e médios produtores, que estão sendo dizimados. A gravidade da situação
é de real calamidade, e é muitas vezes maior que o tamanho da ajuda que se teve
até agora. Nesse momento difícil, é necessário, mais do que nunca, que os
produtores se organizem, se mobilizem, e pressionem para que seja apresentado
um programa de medidas concretas, estruturantes, de médio e longo prazo, para,
finalmente, serem criadas condições para sairmos dessa crise, com a recuperação
da economia agropecuária, e preparando, enfim, o produtor do semiárido baiano
para conviver dignamente com a realidade da seca.
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