1 de abr. de 2013

Páscoa em Ipirá - 2013

Quarta-feira é o tradicional “dia da feira” na cidade de Ipirá-Ba. É quando as pessoas saem do interior, dos distritos, das fazendas para comprar verduras, farinha, feijão, carne, fumo de rolo, artigos de couro, etc. É o dia de vender a novilha, o boi, a galinha caipira, a cabra ou o carneiro gordo. Comprar uma boa vaca de leite, um bezerro, receber o dinheiro da venda passada e assim por diante. É um dia alegre, o dia da  grande reunião pública”, da troca de experiências, estórias e histórias.
A do dia 27 passado, entretanto,  a peculiar feira do peixe da Semana Santa, nada teve de alegre.  O clima na cidade, especialmente entre os produtores rurais é de completo abatimento.  Vivendo uma situação calamitosa provocada pela terrível seca, transitavam pela cidade, aturdidos por uma situação que lhes foge do controle.
Sabemos que o “trabalho” está na constituição da identidade das pessoas, no conceito que o indivíduo tem de si próprio. Da mesma forma a dignidade, a felicidade e a realização pessoal do produtor estão diretamente vinculadas à sua atividade. Acontece que os prejuízos desta seca sem precedentes, somados ao endividamento e à falta de crédito estão conduzindo o produtor à perda da própria condição de produtor rural, portanto de sua identidade.
Mas, mesmo nesta situação de flagelo, aguardando pelo milho que nunca chega, enfrentando a indiferença burocrática para liberação de um “crédito de emergência” cuja emergência só está no nome, os produtores rurais de Ipirá irão, passando por cima do próprio sofrimento e da negligência das instituições, celebrar, com a força da fé sertaneja, a Páscoa da ressurreição de Cristo,  na esperança de uma nova chance e de um novo recomeço.
Que nesta Páscoa Deus ilumine a mente dos nossos dirigentes.
José Caetano Ricci de Araujo
Presidente




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