A diferença entre um zebuíno e um taurino está no sangue
que corre em suas veias: o animal europeu tem cerca de 30% a menos de glóbulos
sanguíneos e estes são muito maiores nos zebuínos. Assim, o Zebu tem mais
condições de oxigenação das camadas superficiais do corpo, conseguindo
suportar, com relativa tranquilidade, as condições tropicais. Popularmente,
pode-se dizer que o sangue do Zebu é “mais fino e tem muito mais glóbulos
vermelhos”. Ou seja, sua taxa de hemoglobina é 30% maior que a do gado europeu,
aproximadamente.
É a baixa taxa de hemoglobina que garante ao animal
europeu uma maior taxa de calor orgânico, para suportar o frio da Europa: e que
garante ao zebuíno uma menor taxa de calor orgânico, para suportar o clima
quente dos trópicos. A taxa de hemoglobina também explica, em boa parte, a
capacidade de transformação de alimentos em leite. De certa maneira, basta
aumentar a taxa de calor orgânico e o animal zebuíno terá melhores condições de
transformar os alimentos em leite. Essa taurinização do zebuíno, no entanto,
valerá a pena?
Essa taurinização do zebuíno, no entanto, valerá a pena? |
Algumas vacas zebuínas leiteiras do passado, às vezes até
campeãs no balde, padeciam visivelmente diante do clima, ofegando dentro dos
pavilhões de concurso: isso era uma prova inconteste de que esse melhoramento,
em particular, não valerá a pena, pois estava sacrificando o animal diante daquilo
que ele tinha de mais valioso, ou seja, sua própria constituição de Zebu.
Ao diminuir a taxa de hemoglobina, por meio de cruzamentos com parentes longínquos europeus, o produto ganha em produtividade leiteira, mas perde em rusticidade. |
O Zebu precisa ser selecionado para leite, mas respeitando sua condição fisiológica milenar |
Em resumo, o Zebu precisa ser selecionado para leite, mas
respeitando sua condição fisiológica milenar. Não existe nenhuma prova
científica de que o melhoramento leiteiro do Zebu, tendo acontecido pela queda
da hemoglobina (gerando então, maior calor orgânico), tenha frutificado por
longo tempo. Normalmente, as vantagens obtidas no produto zebuíno F-1 (choque
de famílias), devido alguma influência de sangue europeu, diluem-se nas
gerações seguintes.
A seleção leiteira do Zebu deve caminhar em passos pequenos |
Dentro de alguns anos, esses animais mal caracterizados,
de chifres de inserção alta, pelagem inadequada, perfil retilíneo, de pouca
convexidade craniana serão apenas parte da História, tanto quanto hoje se
comenta sobre outros animais de antigamente, os quais, mesmos feiosos, valeram
fortunas em seu tempo. Ficará claro que o uso desses animais terá constituído
apenas um degrau da imensa escadaria que é a seleção animal em direção a uma
Zootécnica tipicamente tropicalista.
Zootécnica tipicamente tropicalista.
O papel de
produzir o “máximo” possível de leite pertence e continuará pertencendo ao gado mestiço, o Girolando. |
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